sábado, 22 de outubro de 2011

SAUDADE de TI



SAUDADE DE TI

- Olá, como estás?
- Como tens passado nesse novo mundo para onde partiste,  deixaste-me  tão triste e com tanta falta de ti. Imagino-te sentada num banco branco de um jardim distante, cheio de relva fininha, com muitos lagos de água límpida  ao redor, e árvores repletas de passarinhos cantando melodias para te transmitir paz e descanso merecido.
- Afinal foste uma sofredora, e de certa forma eu sei que não foste uma mulher feliz, isso estava bem presente no teu dia a dia, nas tuas atitudes, e na forma como nos tratavas, embora nos amasses, mas poucas vezes nos mimavas e eu sei que escondias os teus sentimentos de afectos calados e muitas vezes submissos; Hoje entendo que nunca te quiseste dar a oportunidade de sorrir à felicidade, resolveste assumir uma postura triste na vida, e ao mesmo tempo vitimizaste-te de um destino que não seria o que escolherias.
- Mas isso é passado, só vivemos uma vez aqui, e o que é certo é que a tua vida, deu direito à minha, por isso mesmo, estes  últimos dias têm sido um pouco complicados para mim, tenho pensado muito em ti, talvez até demasiado, não é que não mereças, mas tem sido realmente as circunstâncias que se avizinham, as culpadas da minha angustia, sofrimento, mas sobretudo SAUDADE DE TI.
- Tens me feito realmente muita falta, recordo os teus olhos pequeninos a fitarem os meus, o teu farto cabelo castanho sempre bem arranjado, e a tua pele perfumada e hidratada com o teu creme "Benamor" que sempre te conheci usar, eras um pouco vaidosa, mas ficava-te muito bem esse cuidado.
- Fez quatro anos que partiste, e levaste um pouco de mim contigo, deixaste-me um pouco mais desmembrada, porque já havia perdido o meu pilar, depois,  com a tua partida vacilei, e o apoio faltou, senti até que poderia cair, os grandes ramos da minha árvore, haviam desaparecido, e tenho tentado me apoiar nos ramos mais pequeninos, bem mais frágeis, mas todos com o mesmo carisma de humildade.
- Ultimamente, tens sido presença assídua nos meus dias e também em alguns dos meus sonhos, os quais me atormentam um pouco, porque não sei o que significam, ou se precisarás algo de mim, perturba-me fortemente pensar nisso, sabes bem que nunca quis que te faltasse nada, mas ás vezes ainda penso que te poderia ter feito mais algumas coisas, afinal nunca somos suficientemente bons em tudo, e logicamente deve ter havido alturas em que esperavas um pouco mais de mim, desculpa, talvez eu não tivesse percebido, sei que sabes que não foi por mal.
- Sabes que gosto de escrever umas coisinhas, sobretudo positivas, ultimamente, não o tenho feito, porque tenho andado um pouco triste e pensativa a teu respeito, e não queria escrever frases de amargura, mas hoje, senti mesmo que teria que PARTILHAR o que me vai na alma, e realmente assim, tudo fica um pouco mais leve, embora continue triste.
- A SAUDADE DE TI, é imensa, gostaria de ter oportunidade de te voltar a ver, tenho muitas coisas que gostarias de saber e ouvir de mim, embora eu acredito que tu de onde estás possas ver e saber de tudo, mas se te contasse pessoalmente, estaria mais certa disso, e além das novidades que te daria, ao mesmo tempo mataríamos saudades uma da outra.
- Hoje vou tentar encontrar nas minhas estrelas o teu rosto, porque as saudades são muitas, e gostaria de ver o teu sorriso.
- TENHO  MUITA  SAUDADE  E  FALTA  DE  TI  MÃE!!!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Return to innocence"



REGRESSO À INOCÊNCIA


Há quanto tempo!!!
Há realmente muitos anos!!!
- Foi precisamente no dia 7 de Outubro de 1968, eu tinha a tenra idade de 6 anos de vida, no entanto recordo-me como se fosse hoje, passados exactamente 43 anos!
- Anos esses que deixaram marcas físicas em mim, ditadas pelo tempo, embora a minha mente preserve tudo o que se passou naquela manhã de 7 de Outubro.
- Pela manhã as ruas enchiam-se de verdadeiros bandos de pombas e pombos brancos, com rumo à Estrada de Alvor, onde se situa a antiga Escola Primária de Portimão, dava--se assim inicio a mais um ano lectivo, e era o meu primeiro dia de aulas.
- Nessa altura todos usávamos batas brancas, como a neve, de preferência com as iniciais do nome, recordo-me perfeitamente das minhas iniciais bordadas a cor de rosa,  com letras de caligrafia, no canto superior esquerdo, na mão levava uma pequena pasta de cartão de cor cinzenta, com os desenhos do TOM & JERRY, assim como a  carteirinha dos lápis a condizer, tudo isto foi-me ofertado pela minha madrinha de baptismo.
- Nesse dia, por volta das 8.30 horas, na companhia da minha amiga Isabelinha, (Isabel Elias) e da minha mãe, lá saimos de casa em direcção à escola, tamanha era a agitação, a adrenalina, e ao mesmo tempo, o nervosismo do primeiro dia, de muitos de uma caminhada, que só não foi maior, porque as condições de vida dos pais  não o permitiram.
- A Escola, era um mundo aos meus olhos inocentes de criança, era composta por dois amplos pavilhões de oito salas cada um, sendo quatro salas no r/c e as outras quatro no 1º andar. As salas eram tipicamente de escola antiga, o chão de madeira, lareira ao canto, as secretárias, era as chamadas "carteiras", em madeira, inclinadas, com o banco duplo incorporado na mesma, e com tinteiros para tinta permanente no topo.
- Na parede em frente, havia uma quadro  enorme, em ardósia preto, e mais acima, em jeito de decoração,  uma cruz, com Jesus Cristo, assim como as fotografias de Américo Tomáz e António de Oliveira Salazar, ministro e chefe Estado do, do antigo regime Salazarista, da altura.
- As salas tinha todas práticamente a mesma dimensão e eram todas decoradas da mesma forma.
- Nessa altura, as turmas não eram mistas, os rapazes ocupavam o primeiro pavilhão, e as meninas o segundo, e nem no recreio se juntavam, uma vez que os espaços exteriores eram também dividos.
- A minha professora, chamava-se D. Luziete dos Reis Correia, e acompanhou-me durante os quetro anos da Escola Primária, ainda hoje tenho presente os seus sábios ensinamentos, ainda sou do tempo em que se aprendia, as linhas férreas, as serras, os rios, as colónias Portuguesas em Africa, e tudo o que a elas dizia respeito, naquela altura a 4º classe era seguramente concluida, com um ensino muito mais alargado do que nos dias de hoje.
- As horas do recreio, eram sem duvida os melhores momentos passados na Escola, organizavamos jogos de roda, do elastico ou  da macaca, as enormes arvores frondosas que lá existiam, tornaram-se como casas para nós, e era realmente debaixo destas arvores que nos juntavamos em grupinhos de brincadeiras e jogos de inocência, tão pura, que nunca dariam azo a maldades nas nossas cabecinhas infantis, tão diferentes dos dias de hoje.
- Ainda sou amiga da minha colega Isabelinha, a vida dela seguiu um percurso diferente do meu, teve outras oportunidades que eu não tive, mas uma coisa temos em comum, e essa, a  vida, nunca nos conseguirá tirar, é precisamente a "MEMÓRIA" dos nossos tempos de Infância e da nossa Escola Primária.
- A Infância é sinonimo de Inocência, hoje, talvez, por pensar que  conheço muitas coisas menos boas não me importaria de RETORNAR À INOCÊNCIA!