NATAL de 1966
Estamos a menos de um mês do Natal, apesar da crise em que vivemos, de uma forma ou de outra, é inevitável sentirmos esse espírito doce e quente, que nesta altura do ano se manifesta com maior intensidade, e parace que por magia, aproxima mais as pessoas.
- Há quem diga, que todos os dias podem ser dias de Natal, ou que Natal é sempre quando o homem quiser, mas na verdade, é nesta altura do calendário, que ele é comemorado no mundo, e nos corações das pessoas.
- Todos sem excepção, temos "MEMÓRIAS" dos nossos Natais passados, sobretudo de quando éramos crianças.
- Quando eu era criança, nunca tive brinquedos como as crianças de hoje, além dos meus pais serem muito pobres, naquela altura as brincadeiras resumiam-se a jogos entre os amigos da nossa rua, ou da escola, desde a cabra-cega, até ao paninho queimado, era assim que passávamos o tempo, tempos inocentes, bem diferente de hoje, pois os nossos quartos não estavam certamente recheados de Barbis ou de jogos de computador, que nem sequer existiam na época. Mas mesmo assim, seria na altura do Natal que o famoso homem de barbas brancas, no qual acreditei até bem tarde, me poderia trazer algum brinquedo desejado. E eu esperava.......esperava.....ansiosamente, até àquela noite de 24 de Dezembro, em que o Pai Natal, iria descer na chaminé de fogo de lenha, da velha cozinha dos meus pais, e realmente, como por magia, ele deixava lá umas coisinhas tão aguardadas.
- Recordo-me com muita saudade dessa altura da minha vida, saudade essa, que hoje torna-se ainda mais dolorosa, porque os meus pais já partiram, e esses Natais, serão sempre doces, mas com lembraças, ainda mais sentidas.
- Houve um desses Natais, que se tornou tão especial, que ainda hoje guardo com carinho esse presente, que hoje partilho aqui convosco. Na altura estava muito na moda, os famosos bonecos chorões, uns maiores e outros mais pequeninos, os maiores seriam logicamente mais dispendiosos, os pequenos custavam na altura a quantia de cem escudos, o que seria um valor muito alto, e estou a falar de 45 anos atrás, seria uma nota preta, mas mesmo assim a minha tia e madrinha de nome Teresa Filipe,( um dia vou contarvos a história dela) que já partiu também, fez o carinho de me o pôr no sapatinho, este velho boneco, que me acompanha durante 45 anos da minha vida. As roupinhas, não são as de origem, essas eram de tecido, estas foram tricotadas à mão por uma outra tia que também já cá não está. Enfim.....são mimos de vida!
- Guardo alguns brinquedos da minha filha, que felizmente teve uma infancia repleta deles, bem diferente da minha, mas o valor das coisas normalmente está sempre naquelas mais pequenas, se eu na altura tivesse tido muitos brinquedos, talvés hoje este chorãozinho, não tivesse a importancia que tem, possivelmente, teria-o perdido pelo caminho, na confusão de muitos outros, assim sendo, o meu boneco chorão, que o Pai Natal me deixou no sapatinho, que coloquei com os meus 4 anos na velha chaminé, hoje tem o mesmo valor que teve nessa altura, só que um sentido muito mais doce e quente......afinal ele simboliza o meu mais importante Natal de Infancia.