quinta-feira, 16 de junho de 2011

PERDEU-SE !!!

Perdeu-se no tempo.
- Desviou caminhos de vida, escolheu pequenas vielas escuras, que lhe pareciam grandes avenidas iluminadas e emolduradas em árvores verdes e frondosas que floresciam na sua Primavera, e no seu imaginário, mas eram unicamente ilusões de vida irreal.
- Pensou que gritaria liberdade, do cimo de uma montanha e sorria ao sol pela manhã, e à lua ao anoitecer, mas enganou-se, não sorriu, e não tem descernimento da luz do dia e da luz noite, vive na penumbra do lado fosco da vida, do apagado momentaneo que insiste em não brilhar, está pálida, descrente, confusa e triste!
PERDEU-SE numa encruzilhada de pequenos trilhos, que não consegue identificar, e que dificilmente lhe darão acesso a encontrar a artéria maior nesta estrada corpo de vida confusa e perturbada, escura e sombria. PERDEU-SE!
- Trocou o certo, pelo incerto, que de tão incerto, nada é de certo, fugiu de uma rotina que a castigava e buscou um lado artificial de vida, que de tão irreal, nem o consegue alcançar, as suas estrelas, essas, não a guiam mais, apagaram-se aos seus olhos!
- Trocou amores de sangue por paixões de momento, ignorou a sua incensia de mulher e mãe em nome de valores banais com aromas e promessas subtís de falsidade que a cegaram, e lhe retiraram a razão que tinha em si, razão essa que foi fruto de uma vida que resolveu ignorar e omitir a si mesma!
PERDEU-SE, mas tem esperança de um dia se encontrar, voltar atras e fazer o caminho de regresso ao sitio de onde não deveria ter saido!
- PERDEU-SE, está escuro, as pedras estão soltas na calçada, tropeça a cada passo, mas tenho a certeza que ao fundo, um dia vislumbrará mais uma PORTA de VIDA e espero que ao alcançá-la, a abra, e o sol brilhe de novo.
- PERDEU-SE....encontra-se PERDIDA!
PS: Eu percebi amiga, espero que tu entendas:)

terça-feira, 7 de junho de 2011

CACHO de UVAS BRANCAS de SABONETE

-Tenho uns amigos muito queridos, que são a Inês e o Luís. São jovens e artesãos nos tempos livres, fazem peças maravilhosas em sabonete, de todas as cores e modelos, conforme a sua imaginação o permite, e fazem feiras semanais nos arredores de Lisboa, onde vendem os seus frágeis, lindos e perfumados objectos.
- Alguns anos atras, ofereceram-me um magnifico cacho de uvas brancas, feito pelas suas habilidosas mãos, adorei, achei lindo, a peça em si, mas sobretudo o facto de ter sido feita por eles próprios, com a finalidade de me vir a ser ofertada.
- Guardei-a com recato e carinho, como é meu hábito com tudo o que me dão, independente do valor material, na maior parte das vezes, as coisas simples são sempre as mais valiosas aos meus sentidos, talvez por isso a minha filha Ana me esteja constantemente a dizer que eu acomulo muita "tralha", mas ela bem sabe que cada peça dessa "tralha" tem uma história para mim, e todas as peças em conjunto fazem parte do meu espólio de vida, são realmente minhas.
-Hoje foi um diazinho complicado, foi um dia de "MEMÓRIAS" vividas, sentidas e lembradas. Uma grande amiga minha que considero há várias décadas como minha própria irmã, comemorou mais um ano de vida, e isso foi motivo para me deslocar a sua casa, onde ela ofereceu uma pequena festa apenas a amigas muito chegadas e especiais, mas durante todo o momento de confraternização eu estive sempre com um nó na garganta e as lágrimas a teimarem trair a minha postura, os meus olhos encontraram o famoso CACHO de UVAS BRANCAS  de SABONETE, sobre o movel da sua sala de jantar.
- Sempre ouvi dizer que quando se ama muito uma pessoa, e que por algum motivo, ou data festiva lhe queremos ofertar algo de muito especial, não deveremos comprar nada, mas oferecer sim, algo que tenhamos, que nos tenham oferecido, e que muito gostamos, mas apesar disso e por isso mesmo, devemos oferecer a alguém especial, aquilo que é muito especial para nós.
- Entendo por isto, que não nos separamos do objecto, mas atribuimos-lhe um valor incalculável, com a plena certeza que vai sair da minha posse, mas vai continuar na posse daquele que tanto amo, e quero demonstrar-lhe isso mesmo.
- E foi essa actitude que tive no dia que a minha Aninhas e o meu Zézé, fizeram 25 anos de casados, as chamadas "bodas de prata". Ela foi presenteada com um ramo de 25 rosas vermelhas, a ele....bem a ele, resolvi oferecer-lhe o tal CACHO de UVAS BRANCAS de SABONETE, feito pela mãos da Inês e do Luís. Achei que além do valor que tinha para mim, adaptava-se perfeitamente à data, tinha a haver com uvas, com vinho, com festa.
- Ele ficou feliz, e como sempre sorriu, como só ele sabia sorrir, tenho comigo uma foto desse momento inesquecivel, ela com as rosas, e ele com a prenda na mão sorrindo.
- O Zézé, já não se encontra entre nós, partiu em 13 de Dezembro de 2009.
- Desde que lhe ofereci o presente, muita coisa se alterou nas nossas vidas, eu sofri, ele partiu, mas o CACHO de UVAS PERFUMADAS continua lindo, intacto sobre o móvel da sua sala de jantar, onde ele o colocou, mas já não o pode ver, mas sei que ele sabe, que ele permanece lá, e que eu ao vê-lo, não poderia ficar indiferente a muitas "MEMÓRIAS", de amor, carinho, amizade, gratidão e sobretudo saudade e falta.
- É o pequeno grande sentido, das pequenas grandes coisas, e das pequenas grandes actitudes, que dão sentido à nossa VIDA!
:(((