quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Do TOPO da ESCADA


- Um dia, quando eu for grande, quero construir uma enorme escada de madeira bem firme, tão grande que quase chegue a tocar as estrelas, com  degraus toscos e cheios de nós, para  que cada um deles possa marcar o peso do tempo, tempo esse que vivi construindo e semeando uma seara de cumplicidades e mimos de vida.
- Nessa altura quando vislumbrar a sementeira verde, radiosa e sadia, hei-de ter a percepção, de que por mais que eu colha, ela é tão forte e produtiva que automaticamente se reproduz, unicamente pelos afetos, afetos esses que são para a minha seara o adubo mais eficaz e milagroso.
- Aí, irei subir até ao ultimo degrau, bem juntinho das estrelas, e  na enorme tela da minha vida irei começar a escrever com letra de caligrafia, em tons pastel, os nomes de todos os meus amigos, todos aqueles que fazem os meus dias serem mais coloridos, mais quentes e mais ternos. Também todos aqueles que por vezes me atrapalham os sentidos, e me querem mostrar uma realidade que nem sempre é a minha, mas que de alguma forma me envolvo com ela. Alguns fazem-me ver riachos de águas límpidas e transbordantes, outros envolvem-se comigo em prosas doces de favos de mel, com enormes labirintos, onde acabamos sempre  juntos  vir a encontrar a porta certa de saída. Existem aqueles que me olham nos olhos, e eu sinto que conseguimos comunicar atravez deles, mas também há aqueles que dificilmente os nossos olhos se cruzam, por uma questão de compromisso e respeito de simplesmente achar que não é a altura de lhe ler a alma.
- Um dia, quando eu for grande, e já tiver escrito todos os nomes na minha enorme tela, onde cada um deles brilhará conforme a posição da luz do sol ou das estrelas, irei gritar lá bem do topo, para todos me ouvir, que fui feliz, que senti realmente o que é a verdadeira cumplicidade entre humanos, que vivi momentos complicados, mas tive sempre ombros amigos, que evitaram a minha queda, tive alguns que chegaram mesmo a andar comigo em braços, mas nunca me deixaram mergulhar num oceano escuro e profundo.
- Um dia, quando eu for grande, irei agradecer à vida, os mimos que tive, as partilhas de afetos sentidos, os doces repletos de chocolate quente que inundaram a minha alma de um ébano perfumado com a textura macia do veludo, daqueles que passaram na vida, e se transformaram em estrelas, no firmamento do meu imaginário, unicamente, para me iluminar, aquecer e em alguns casos para manter grandes diálogos quanto todos já dormem, e eu estou acordada.
- Amigos, são aqueles que partilham connosco emoções de vida, são aqueles, que seguram na escada, para que nós possamos subi-la em segurança, são aqueles que nos empurram na subida, são aqueles que nos aplaudem quando chegamos ao topo, mas são sobretudo aqueles que temos a certeza, de que nos seguram e amparam na nossa queda, são aqueles que seguem ao nosso lado mesmo sem achar que o nosso é o caminho certo, mas mesmo assim, fazem questão de estar presentes, caso seja preciso voltar atrás.
- Dia a dia, ano a ano, vou construindo a minha tela, tela essa que irei começar a pintar, no dia em que eu achar que sou grande o suficiente para construir a tal escada, que me leve a tocar as estrelas, e ao mesmo tempo do cima possa observar a minha seara de vida que todos dias faço questão de cuidar e mimar da única forma que sei e que sou capaz............partilhando emoções ............vivendo cumplicidades!

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