Eu vos bem digo MÂOS pequeninas, meigas e carinhosas da minha mãe, que me afagaram, quando nasci, que me lavaram o corpo com carinho e cuidado no velho alguidar de barro que existia na casa.
-MÃOS, que cobriam de pequenas e suaves caricias, como se fossem de veludo quando eu era um ser pequenino, dependente e indefeso e frágil.
-MÃOS que me alimentaram no seu peito, atraves do leite materno, e mais tarde das celebres açordas e sopinhas boas.
MÃOS que na minha infância me apertavam contra o seu peito e secavam as minhas lágrimas com beijos doces, puros e sinceros. MÃOS de mãe, mãos maternas, essas serão sempre as mais sinceras e verdadeiras!
Eu vos bendigo MÃOS grandes, e escuras do meu pai, queimadas pelo sol do dia, calejadas de tanto trabalhar e cavar com enxada a terra para o meu sustento, MÃOS fortes e poderosas que conseguiam combater um pouco a nossa pobreza e fazer face aos meus alimentos e ás minhas vestes de menina!
MÃOS grosseiras pelo trabalho, mas fortes para me elevar no ar sempre que chegava a casa, e rodopiar comigo no centro da nossa humilde cozinha ainda com fogão a petróleo amarelo de cobre.
Recordo-me perfeitamente e com muita saudade esse rodopiar que me levava ás nuvéns e provocava em mim, ser frágil, gargalhadas compulcivas e um prazer sem limites, assim como uma enorme protecção, eu sabia que não iria caír, afinal estava nas MÃOS do meu pai, e esse sim era o sitio mais seguro do mundo!
Hoje, já não os tenho comigo em vida, já partiram para paragens longinquas e muito distantes, tão distantes que não os posso ver, nem visitar, já não posso cair nos seus braços nos meus momentos de fragilidade e de tristeza, já não me conseguem secar as lágrimas com os seus lábios, já não me conseguem afagar e atenuar nos meus dias menos bons, mas também já não posso partilhar com eles as minhas alegrias e glórias.
-Mas uma coisa tenho a certeza, estejam eles onde estiverem, sinto muitas vezes as suas MÃOS sobre a minha cabeça, e nem que seja unicamente para meu consolo sinto sempre a presença dos meus pais na minha vida, não fisicamente, como é obvio, mas parece que ás vezes alguém cuida de mim, isso é uma realidade que na minha mente consciênte, constato diárimente e são muito poucas as vezes que estou sózinha em casa, sem ter pelo menos duas velas aromáticas a arder, parece que é uma presença viva que contribui ainda mais para uma paz de espirito que busco todos os dias da minha vida! São eles!
As minhas MÃOS, estas com que vos escrevo ainda têm a sencibilidade com que afagei os meus pais tanto em vida como depois de partirem, afaguei os seus rostos quentes com as MÃOS e os lábios em vida, mas ainda hoje sinto nos meus lábios o frio gelido das dezenas de beijos que dei nos seus rostos já sem vida! Eram meus pais!
Estas minhas MÃOS, também já afagaram, mimaram e secaram lágrimas da minha minha filha em criança e alongo da minha vida irão sempre continuar o seu percurso de MÃOS de mãe, com todo o carinho , amor e dádiva ! Incondicionalmente!
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