Hoje vou vos contar uma história real de alguém que conheci em 1981, mas só em 1984 aprofundamos a nossa amizade e alguma cumplicidade.
-Era uma linda rapariga, muito jovem, nascida em Vinháis no Concelho de Bragança, bem no norte de Portugal, em Trás-os-Montes, ainda á bem pouco tempo estive em Vinháis e lembrei-me muito dela!
Foi desde esse dia que pensei PARTILHAR convosco esta história de vida!
-Era realmente muito bonita com um longo cabelo escuro e uns olhos lindos e grandes.
Chamava-se Madalena!
-Assim que acabou o seu curso de Assistente Social, veio trabalhar na zona de Silves, onde conheceu aquele que viria a ser o seu marido de nome António, que trabalhava numa repartição de finanças, na mesma zona. Apaixonaram-se e o casamento aconteceu na Primavera dia 3 de Abril de 1982, a felicidade era evidente entre os dois, apesar de no inicio a mãe do António não ver com muito bons olhos esta relação, mas sei que ao conhecerem-se melhor, a mãe mudou muito a sua forma de pensar, e via na nora uma filha.
-Acontece que quando se casaram a Madalena já não se encontrava muito bem de saude, mas não queria admitir, começou por ter algumas hemorrogias, que entendia como sendo apenas um pouco mais longo o seu periodo mensal de mulher, simplesmente as ignorava, era muito jovem e queria muito dar um filho ao homem que amava. vivia na ancia de engravidar, e pelo menos trés vezes sei que ela o conseguiu, mas o seu estado de graça era breve, e nunca conseguia segurar o que trazia no seu ventre, e começou a entrar num desespero e fixação total em relação a crianças.
-Afinal ela queria apenas, aquilo a que todas as mulheres têm direito, SER ESPOSA e MÃE!
Mas a Madalena não teve essa oportunidade, as tais hemorrogias eram cada vez mais evidentes, e com o acompanhamento da Dra. Lurdes Santos de Portimão, também minha médica, chegou á conclusão adiada, que tinha um temor maligno no utero, que não poderia ter filhos, o desenvolvimento da sua doença, e sofrimento, foi inevitavel, e foi precisamente nessa fase quase terminal que eu ganhei uma grande amizade e cumplicidade com ela, enquanto ela ainda conseguia andar e visitar-me!
-Essas visitas praticamente começaram a ser quase diárias, a seguir á hora do almoço!
-Muitas vezes vinha acompanhada pelo seu proprio pai quando ele cá estava, recordo-me perfeitamente. Mas as visitas da Madalena não começaram simplesmente para me ver, mas por um motivo muito mais especial!
-Em 3 de Abril de 1984, por coincidência, dois anos depois do dia do seu casamento com o António, nasceu a minha unica filha Ana Carolina, e a minha amiga tinha um forte motivo para vir a minha casa!
-Parece que estou a vê-la, com um fato calça e casaco de um tom beje muito suave, que ela já muito debilitada usava com muita frequência, trazia prendinhas para a minha menina, ainda hoje guardo um fatinho amarelo que ela lhe ofereceu, mas o seu objectivo era unicamente estar com a minha filha no seu regaço, nunca se cansava de pegar nela, e algumas vezes até lhe mudou fraldas e a amamentou a biberão, penso que seria uma forma de sentir a emoção que a vida não lhe deu oportumidade, SER MÃE!
-A doença desenvolveu-se de uma forma tal, que acabou por falecer também num dia 3 mas foi a 3 de Agosto de 1984, precisamente quatro meses depois da minha bébé nascer!
O funeral foi na sua terra natal!
-O António como podem imaginar ficou desolado, á deriva, mas manteve sempre o seu percurso correcto de vida, e levou largos anos a recuperar o seu alento! Perdeu a esposa, mas ele era jovem e ainda em Silves quis o destino que ele conhecesse a Paula, uma outra rapariga linda, de cabelo escuro, que também veio de uma terra distante e por coincidência também era Assistente Social, enamoraram-se e acabaram por casar, também na Primavera, também no mês de Abril, mais propriamente no dia 20 de Abril de 1991!
-O António teve uma segunda oportunidade na vida, e sei que é muito feliz, afinal ele merece, foi um sobrevivente de momentos muito dolorosos, e sofridos, mas o tempo, esse grande senhor que tudo ajuda a resolver, abriu-lhe a porta á felicidade que ele em tempos pensou perdida!
-Ao fim de pouco tempo a sua actual esposa ficou grávida, e a felicidade era evidente, ele finalmente iria ter o seu filho que tanto desejou! Mas Deus ás vezes escreve direito por umas linhas muito tortas, que por vezes nós não entendemos, mas a propria natureza se engarrega de nos mostrar!
Afinal a Paula não deu ao António apenas um filho, mas sim um lindo e enternecedor casal de gémeos!
Afinal Deus não dorme, o que lhe tirou com uma das suas mãos, ofereceu-lhe anos mais tarde de presente com as duas e em duplicado!
-Hoje o António e a Paula têm dois filhos lindos, maravilhosos e já adultos, e sei que são muito felizes!
Da minha parte desejo-lhes tudo me melhor que a vida lhes possa continuar a oferecer, como se desejasse para a mim propria!
Quanto á minha amiga Madalena, e pelo que conhecia dela, acredito que ela estará a assistir sorrindo, e com muita paz, a este quadro maravilhoso de familia!
O António encontrou para a sua vida a esposa ideal, que lhe deu luz, e um alento de amor para a vida!
A Paula, alem de todas as boas qualidades, e coração enorme, que sei que ela tem, ela é sobretudo excelente ESPOSA, e MÃE!
Sem comentários:
Enviar um comentário